O jornalismo critica o jabá dos médicos. Por que não criticar o do próprio jornalismo?

Boa parte dos supostos jornalistas que aqui comentam* assume uma postura de transformar o jabá em um afago inconseqüente, um crime sem vítima.

Alguns acreditam na blindagem moral do jornalista e defendem que a maioria de nós trabalha para fazer boas reportagens (“isentas e verdadeiras”, grifo aqui um comentário) mesmo quando temos a coragem de viajar bancados por quem promove o produto. Como já disse, nessa situação nós, jornalistas, e as empresas de comunicação que representamos, passamos a fazer parte da folha de custos deste mesmo produto. Isenção? Verdade?

Mas isso não basta para convencer alguns. Um leitor deste blog, no entanto, dá excelentes argumentos para mostrar que esta defesa frágil que insistem fazer do hábito da mendicância tem raízes apenas no corporativismo.

Pois vejamos o que acontece quando o rótulo de “jabazeiro” cai sobre outro profissional, alguém distante da profissão dos “bardos”:

Portal Exame, “Mais marketing do que saúde”

FSP, “EUA vão proibir laboratórios de dar brindes a médicos”

Época, “Brindes encarecem os remédios”

FSP, “Médicos denunciam favores de laboratórios”

Leiam. Para descrever a situação do “jabá” na medicina, jornalistas como nós utilizam, corretamente, termos como “promiscuidade”, “conflito de interesse”, “vantagens especiais”, “do ponto de vista ético, deplorável”. Os laboratórios não são poupados de críticas. Nem os médicos.

Começa a parecer mais claro, não?

* Principalmente a primeiríssima leva, a horda que chegou para ironizar o propósito deste blog, mas que lentamente foi suplantada por aqueles que realmente se interessam pela discussão.

1 Responses to O jornalismo critica o jabá dos médicos. Por que não criticar o do próprio jornalismo?

  1. tarcizio disse:

    Belo post.

    Olha, até os partidos americanos dão um “agrado” aos jornalistas.

    http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u438748.shtml

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