O custo de um carro inclui verba para puxar saco de jornalista

Amigo leitor, você sabia que, quando um novo modelo de um automóvel é lançado, é comum que as montadoras paguem dias de descanso para jornalistas em hotéis de luxo pelo mundo?

Você sabia que todo fim de ano, empresas como Ford, Volkswagen, Fiat e GM têm o hábito de realizar festas com a presença de jornalistas? E que não é incomum que, nessas festas, aconteçam sorteios de carros, televisores e CD players? Tudo só para o “pétit comitée” da imprensa.

Você sabia que nem todas as empresas jornalísticas obrigam o profissional a devolver estes brindes? E você sabia que, embora isso não necessariamente influencie no teor da reportagem produzida, eventualmente há repórteres que fazem questão de fazer uma cobertura só por causa dos presentinhos?

Tudo isso (viagens, carros, televisores, etc) é pago pela montadora de automóveis, que classifica este tipo de ação como “despesa de marketing”, ou “custo de comunicação”, ou, ainda mais escancarado, “verba de propaganda”.

Essa “despesa”, “verba” ou “custo” não cai do céu. Para gastar dinheiro, a montadora precisa ganhar dinheiro. E é assim que o jabá do jornalista vai parar o custo final do automóvel. No final é você, leitor, quem paga a festinha deles. Essas ações podem ter uma participação pequena no custo final do carro, mas elas estarão lá.

Quando encontrar um jornalista na rua, sinta-se à vontade para tratá-lo da mesma forma que você trataria um político. E não se preocupe, jornalista honesto é igual político honesto. Ambos se envergonham pela sujeira que seus pares deixam por aí.

24 Responses to O custo de um carro inclui verba para puxar saco de jornalista

  1. Master Yoda disse:

    Outro excelente post, Luke. Só uma observação: o verdadeiro e enorme custo do jabá não está na grana com que as empresas seduzem jornalistas. Está nas decisões de compra, erradas, que os leitores tomam guiados por reportagens distorcidas. Isso é o que realmente interessa: são centenas de milhões de dólares. Infinitamente mais que as migalhas ofertadas aos acólitos do Lado Negro. But around the survivors, a perimeter create. May the Force be with you, my friend.

  2. Ali$$afer disse:

    jornalista quando vem em evento sempre tem interesse, eu já cansei de , depois de passar todas as informações, ter que ouvir a pergunta “e hoje não tem brinde?” quando nao tem o fdp se safa dando a entender que era tudo brincadeira.

  3. Rapaz, eu nunca tinha pensado nisso. Faz sentido. Só queria que os colegas viessem aqui para contra-argumentar, alimentar a discussão, e não apenas para se defenderem. Eu, de minha parte, vou fazer um exercício: inventariar tudo que é jabá que eu ganhei nesses últimos anos e tentar lembrar o que escrevi sobre as respectivas empresas.

    Menos com bloquinho e caneta, que aí é foda.

  4. lene de costa disse:

    Quanto ódio nesse coração…

  5. Fantástico o seu blog. Se quiser colocar o link do meu blog no seu blog, como apoiador, fica a vontade. Pode deixar, não vai rolar jabá pra vc fazer. Faça se quiser. Mas o seu já esta no meu… O que não é grande coisa, já que ele esta jogado as traças. Pois bem, amigo, continue assim. Não sou jornalista, mas, penso que acabarei sendo. As coisas me levam a esse futuro promissor… Rsss… Grande abraço!

  6. fernando disse:

    Alguns (ou muitos) jornalistas são iguais a prostitutas, mas donas-de-casa tb, jogadores, modelos, universitárias, publicitários, secretárias etc

  7. Maestro Billy disse:

    E não é só no jornalismo que rola jabá, né ?
    Trabalho faz muuuuuito tempo em rádios e afins, já vi todo e qualquer tipo de jabá.
    Desde gente pagando cerveja prá arrumar convite prá entrar em balada concorrida, até empresa grande mandando roupas e outros mimos prá radialista “gostar” de certas musicas.
    É jabá prá todo lado.
    Complicado isso…
    Abraços e sucesso,

    Billy.

  8. Renato disse:

    Mas…este post é quase igual ao primeiro…assim eu perco a diversão de vir aqui. Chover no molhado é trabalho de regador, não de blogueiro denuncista! Cadê os nomes, as fotos, os processos?

  9. Butchmo disse:

    Concordo com o Renato.
    E é tragicômico o Bruno Ferrari ironizando a escrita do autor deste blog em outro post (“atualmente”), já que não faltam erros de português no blog dele (Ferrari).
    Ferrari, que, como jornalista de Info Exame…

  10. Francisco Luz disse:

    Concordo com a essência do blog, só acho que existem bons jornalistas — e boas reportagens, isentas e verdadeiras — mesmo quando bancadas por quem promove o produto. Co carro, geralmente é mais complicado, mas em casos de feiras e eventos esportivos é comum que a matéria seja correta.

    Outra coisa: o fato de não aceitar jabá não torna uma empresa, ou uma matéria, boa. A Veja não aceita jabá de nada, e só faz merda, por exemplo.

    Mas é uma bela idéia de blog, acompanharei.

  11. Cassia A. Silva disse:

    Ali$$afer tem toda razão!
    Tem jornalista que até implora jabá e reclama qdo não recebe nada.
    Também tem uma turma de pseudo-jornalistas que fica dando busca nas agendas de coletivas só pra ir almoçar de graça e pegar jabá… claro que reclama qdo não recebe nada…

    Jornalista sério, que trabalha de verdade, não tem tempo nem pra almoçar… e só almoça com fonte pra ganhar tempo e apurar informçaões.

    Acredito que vcs devam aprender a separar as ações de MKT das atitudes verdadeiramente jabazeiras… pois sorteios, descontos e promoções também rolam pra consumidores finais!

    Aliás, nem com jabá a indústria deixa de “apanhar” nas avaliações da imprensa. E tenho certeza de que o custo dos jabás e eventos que envolvem empresas e jornalistas é mínimo, se comparado à elevada taxa de 40% do IPI… e isso, ninguém comenta!!!

    Nos Estados Unidos, com US$ 7 mil, se compra um bom carro completo, com ar, câmbio automático, direção e tudo mais… aqui, TODOS brasileiros têm de pagar jabá até pra vagabundo que invade terreno público e resolve ter 15 filhos…

  12. Bruno Ferrari disse:

    Butchmo

    Desculpa se foi tão difícil interpretar minha frase. Não achei nenhum erro de português naquele texto. O “atualmente” foi para dizer que se hoje o autor desse blog trabalha num veículo líder etc etc, amanha ele pode não estar mais. Qualquer jornalista sabe disso, que até já virou clichê.

    Meu blog realmente está cheio de erros, pois escrevo numa correria e parto do princípio que o meu número pífio de leitores entende. O meu objetivo ali nao é profissional. É um relis entretenimento.

    Quando a “Ferrari, que, como jornalista de Info Exame…”. Nao entendi? É algum tipo de invejinha?

    ps. jamais me identifico em blogs aleatórios como “jornalista da Info Exame”. Vamos tentar manter a discussão num plano menos ligado à qualquer grande corporação, ok? Fica menos pedante para mim e menos ridículo para você.

  13. Cássia A. Silva disse:

    Aeee Bruno!!!
    Aliás, nenhum membro da publicação em que vc trabalha é pedante!!! Ops (que eu me lembre, só teve um ser assim por lá – rs)…

  14. Dario Gomes disse:

    Não entendi uma coisa, você é assessora ou trabalha em um grande veiculo?
    Não concordo com seu anominato e assim ofendendo pessoas, esta é minha opiniao.

  15. antijabacule disse:

    Bruno: “O “atualmente” foi para dizer que se hoje o autor desse blog trabalha num veículo líder etc etc, amanha ele pode não estar mais. Qualquer jornalista sabe disso, que até já virou clichê.”

    Tanto é óbvio e correto o que você disse que FUI EU quem falou que ‘atualmente trabalho em um veículo líder’. O amanhã pode ser diferente, assim como foi o ontem. De qualquer forma, bom que você tenha percebido que isso não faz diferença para a discussão. A cruzada aqui é contra o jabá.

  16. antijabacule disse:

    Dario: trabalho em um grande veículo. E não me interessa se você concorda ou não com meu anonimato. Vai mudar sua vida saber meu nome?

  17. Glauber disse:

    Vc tem alguma planilha de custos, qquer coisa q não seja achismo, q comprove isso q vc está dizendo aqui sobre o preço dos carros? Não? Certo.

    Então quer dizer q uma boa parte dos jornalistas de autos, de saúde (viajam a convite de laboratórios, por ex.), de turismo, e de cultura (viajam a convite para ver shows de bandas no exterior, antes de elas tocarem aqui) é de delinqüentes?

    Acho q vc precisa ser um pouco menos generalista, pq desse jeito coloca no mesmo saco os bons e os maus. E, sinceramente, não dá para entender qual o propósito do seu blog. Qquer pessoa medianamente sensata q o lê pensa em despeito, amargura, isolamento.

  18. Glauber disse:

    E, aliás, estamos em 2008, falar em “cruzada” contra qualquer coisa é de um ridículo atroz.

  19. Butchmo disse:

    Bruno,

    Acho que expressões como “relis entretenimento” não se devem a correrias ou que tais. “Relis”?

    Se você não entendeu minha insinuação, sinto muito. Quem entendeu certamente não viu nada de ridículo nela.

    Eu garanto que não acharia pedante você se identificar como jornalista da Info, mas concordo com a sua posição, pois muitos de fato achariam.

    O que soou pedante mesmo (e ridículo) até para mim foi insinuar “invejinha”. Tragicômico como jornalista é prepotente a ponto de se sentir alvo de inveja. Outros expoentes desse mal: Bruno Garattoni, Roberto Sadovski, Sergio Martins (Veja), José Flávio Jr., Otávio Frias Filho (não é bem jornalista, OK, mas a arrogância dele é infinita e comparável) e seu amigo Pimenta Neves, Marcelo Coelho…

    O que não quer dizer que não possam ser legais, muito pelo contrário. É apenas uma característica.

    E a Cássia, pelo jeito, não conhece (direito) o Juliano Barreto.

  20. bruno ferrari disse:

    Sobre o invejinha, não foi uma insinuação. Seria o único motivo para você usar de ironia para uma coisa que absolutamente nao cabe na discussão – a revista que eu trabalho. Serve para a citação do nome do Juliano. Nao sou prepotente. Nao me acho mais do que qualquer um, mas nao vou admtir gente usando o nome do lugar que eu trabalho pra soltar atequezinhos infantis.

    E, descendo um pouco, ainda acho melhor a prepotencia do que a covardia. Então, mesmo acatando essa minha nova característica, ainda sou melhor do que você, convarde; (gostou da prepotência?)

  21. Butchmo disse:

    Que continue a não admitir, faz muito bem. Se julga meu ataque infantil, continue com sua defesa ao “nome do lugar [em] que” trabalha. Mas como você pode julgá-lo infantil, se mal o entendeu? Infantil, pois, não é o ataque.

    Quem o entendeu sabe que não há infantilidade. Ademais, explicito: nem sequer quis fazer um ataque, apenas uma leve insinuação.

    Acredito mesmo que você não seja prepotente, pois aparentou alta fragilidade emocional ao meu suposto “ataque”.

    Mas a verdade é que eu sei que você não é prepotente porque já conversei com você pessoalmente. Com você e a sua ex (que, salvo engano, fazia PUC e jogava na atlética da Comunicação de lá).

    E o Juliano, conheço-o há anos, dos tempos em que ele trabalhava na FSP.

    Como eu disse, o pedantismo (ou a prepotência) não torna as pessoas necessariamente chatas…

  22. antijabacule disse:

    Glauber, de um ridículo atroz é a cruzada pró-jabá que alguns comentaristas insistem em colocar neste espaço. Quem está usando o termo ‘delinqüente’ é você, registre-se nos autos. Minha classificação, como ficou evidente, é outra.

  23. […] já disse, nessa situação nós, jornalistas, e as empresas de comunicação que representamos, passamos a fazer parte da folha de custos deste mesmo produto. Isenção? […]

  24. Existe jabaculê para pagar jornalista para defender certos tipos de música, sobretudo os piores. “Funk carioca”, breganejo, sambrega, axé-music… O jabá atinge até cientistas sociais, que assim não precisam esperar por verbas do CNPq, recebem sua “bolsa” logo dos empresários desses estilos musicais neo-bregas. Mas até no futebol o jabaculê é frequente, creio até que é pior ainda. Tem muito programa esportivo em FM que é bancado por dirigentes esportivos. Tem locutor esportivo que ganha até diária de hotel totalmente grátis.

    E ainda tem gente dizendo que o jabaculê acabou…

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